The Silver Tree

    By Click7

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    30 Sep, 2023

    Estava num deserto cheio de pedras, uma vastidão inóspita que se estendia até onde a vista alcançava. As pedras eram tão ásperas e pontudas que pareciam dentes de monstros petrificados.

    No horizonte, montanhas enigmáticas se erguiam, altas e majestosas, como sentinelas guardando segredos esquecidos pelo tempo. Eram como gigantes adormecidos, os picos desaparecendo nas nuvens.

    Estava na base dessas montanhas, sentindo o peso da solidão do deserto e a imponência das montanhas. O vento soprava, lançando grãos de areia contra a pele, como pequenas agulhas.

    Lá, emergindo das rochas, havia uma árvore. Era negra como a noite, a casca queimada pelo sol impiedoso. Tinha um ar de tristeza e desolação, como se partilhasse da solidão do deserto.

    A árvore tinha botões verdes, um contraste chocante com a escuridão da casca. Deles, escorria uma substância prateada, cintilante sob o sol. Era um espetáculo fascinante e perturbador.

    Recolheu um pouco da prata, sentindo o frio metálico contra a pele. Era pesada, mas ao mesmo tempo, parecia ter uma energia vibrante, quase viva.

    No momento que a prata tocou a pele, a realidade pareceu distorcer. O deserto e as montanhas pareciam se desfazer, substituídos por uma escuridão avassaladora.

    E então, ele surgiu. Lucifer, o anjo caído, emergiu da escuridão. Sua aparência era de uma beleza aterradora, um misto de divindade e malignidade.

    Lucifer olhou para a prata na mão, um sorriso enigmático nos lábios. Sua voz era como mel, suave e sedutora, mas carregada de perigo. "Você encontrou minha árvore", disse ele.

    O medo se instalou, mas também a curiosidade. "Sua árvore?", perguntou, olhando para a árvore negra e queimada. "Por que escorre prata dela?"

    Lucifer sorriu, um sorriso que era ao mesmo tempo belo e terrível. "É o resultado de uma maldição", explicou. "Uma maldição que transforma tudo em prata."

    A revelação trouxe mais perguntas. "Quem amaldiçoou a árvore? E por quê?", perguntou, olhando para a prata que ainda segurava.

    Lucifer deu de ombros, como se a resposta fosse inconsequente. "Foi Deus, em resposta à minha rebelião. Ele quis me punir, transformando tudo que eu amava em prata."

    A informação foi um choque. Não sabia o que dizer, como reagir. Lucifer apenas observava, os olhos brilhando com uma estranha luz.

    "E agora?", perguntou, a voz tremendo. "O que acontece agora que toquei a prata?" Lucifer sorriu, um sorriso frio e calculista. "Agora, você tem uma escolha."

    "Você pode deixar a prata e ir embora. Ou pode ficar, e ajudar-me a quebrar a maldição." A escolha era difícil, o medo e a curiosidade lutando dentro.

    Olhou para a prata, para Lucifer, para a árvore. Pensou sobre o deserto, as montanhas, a solidão. E então, tomou uma decisão.

    "Eu vou ficar", disse, a voz firme. Lucifer sorriu, um sorriso de verdadeira alegria. "Então a jornada começa", disse ele, desaparecendo na escuridão.

    Olhou para a prata, agora um símbolo de uma jornada desconhecida. Sentiu um misto de medo e excitação. Estava num deserto, com uma árvore que escorria prata, e tinha uma missão.

    A noite caiu, envolvendo tudo em escuridão. A única luz vinha da árvore, a prata brilhando como estrelas caídas. Estava sozinho, mas não se sentia mais solitário.

    Os dias se transformaram em semanas, as semanas em meses. Aprendeu a viver no deserto, a entender a linguagem das montanhas, a respeitar o poder da árvore.

    Lucifer aparecia de vez em quando, sempre com um sorriso enigmático. Dava conselhos, contava histórias, falava sobre a maldição. Cada encontro trazia uma nova compreensão.

    Com o tempo, começou a ver a beleza no deserto, nas montanhas, na árvore. A prata, antes uma maldição, tornou-se um símbolo de esperança.

    E então, um dia, aconteceu. A prata parou de escorrer. A árvore, antes negra e queimada, começou a se transformar. A casca ficou verde, as folhas brotaram.

    Lucifer apareceu, os olhos brilhando de alegria. "Você fez isso", disse ele, a voz cheia de gratidão. "Você quebrou a maldição."

    Olhou para a árvore, para a prata, para Lucifer. Sentiu uma onda de alegria e alívio. Tinha feito algo impossível. Tinha quebrado uma maldição.

    "O que acontece agora?", perguntou, olhando para Lucifer. Ele sorriu, um sorriso cheio de promessas. "Agora, você é livre para ir. Ou para ficar."

    Olhou para o deserto, para as montanhas, para a árvore. Pensou sobre a solidão, a aventura, a descoberta. E então, tomou outra decisão.

    "Eu vou ficar", disse, a voz firme. Lucifer sorriu, um sorriso de verdadeira alegria. "Então a jornada continua", disse ele, desaparecendo na luz.

    Ficou no deserto, com a árvore e a prata. Aprendeu a amar a solidão, a apreciar a beleza das montanhas, a respeitar o poder da prata. E acima de tudo, aprendeu a viver.

    O deserto, antes um lugar de solidão e desolação, tornou-se um lar. As montanhas, antes intimidadoras, tornaram-se amigas. A árvore, antes uma maldição, tornou-se um símbolo de esperança.

    E Lucifer, o anjo caído, tornou-se um companheiro. Sua presença, antes aterradora, tornou-se confortante. Sua história, antes uma maldição, tornou-se uma lição de coragem e persistência.

    A jornada não terminou. Continuou, dia após dia, no deserto, nas montanhas, com a árvore e a prata. E cada dia, aprendeu algo novo, descobriu algo novo, viveu algo novo.

    E assim, a história continua. Uma história de solidão e companhia, de maldição e redenção, de medo e coragem. Uma história que começou num deserto, com uma árvore que escorria prata.

    Uma história que, apesar de tudo, não é uma história de desespero, mas de esperança. Uma história de como, mesmo no deserto mais inóspito, pode-se encontrar beleza, amor e, acima de tudo, vida.