Pedro, um garoto destemido, observa seu reflexo no espelho quando, de repente, ele embaça sozinho. Uma voz sussurra, "Eu sou a Loira do Banheiro... e eu moro aqui!"
"Oxente, minha fia… morar aqui? No banheiro dessa escola? Tu tem coragem!", responde Pedro, indiferente ao que deveria ser uma aparição aterrorizante.
"Como assim? Eu moro nos banheiros assombrados!", exclama a Loira, sua voz misturando-se com o som distante do vento lá fora.
Pedro ri, "Pois escolha outro canto, porque esse aqui já tem dono!" Ele aponta para a privada.
A Loira arregala os olhos, surpresa, "Como assim, dono?!"
Pedro explica, "Esse banheiro aqui já é assombrado pelo espírito do Seu Raimundo, que morreu devendo três contas de água e agora fica aqui chorando todo dia!"
"Ah, menino, por que tá rindo da minha tragédia?", lamenta Seu Raimundo.
A Loira dá um passo atrás, "Misericórdia, nem fantasma tem paz nessa seca!" Ela olha para Pedro em busca de ajuda.
Pedro, com um sorriso, sugere, "Talvez vocês dois possam dividir o espaço? Talvez até ajudar um ao outro a encontrar paz!"
Seu Raimundo pondera, "Talvez ajudando a Loira a descansar eu possa também aliviar meu pesar."
A Loira acena lentamente, "Pode ser, mas só se você parar de chorar todo dia!"
Pedro, satisfeito, sai do banheiro, sabendo que mesmo no sertão, onde a terra é seca e dura, até os fantasmas podem encontrar um pouco de paz. Ele olha para trás uma última vez, vendo A Loira e Seu Raimundo desaparecerem lentamente, suas histórias agora entrelaçadas.